Por Valdirene de Souza Muniz e Josiane Sabbadini Neves

21 11 imuno noticia aspergillusEosinófilos são leucócitos que medeiam a patogênese de diversos processos inflamatórios, incluindo doenças alérgicas, infecções helmínticas e também fúngicas. O estudo da liberação de redes extracelulares de DNA por eosinófilos (EETs) - descritas inicialmente como um importante mecanismo da resposta imune inata contra infecções - é recente e pouco ainda se sabe sobre o real papel dessas estruturas nos diferentes processos inflamatórios onde são encontradas. Aspergillus fumigatus (A. fumigatus) é um fungo oportunista que pode causar aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA), uma condição patológica de incidência mundial e de alta morbidade, sobretudo em pacientes com asma e outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas. Recentemente, foi descrito a presença de EETs em biópsias de pacientes com asma, rinosinusite eosinofílica crônica e otite média eosinofílica, entretanto nada se sabia à respeito da presença dessas redes em pacientes com ABPA.
Em estudo recente publicado no Journal of Allergy and Clinical Immunology, Muniz e colaboradores num estudo coordenado pela professora Josiane Sabbadini Neves (Laboratório de Imunofarmacologia e Inflamação, ICB/UFRJ), é fornecida a primeira evidência da presença de A. fumigatus e de EETs em secreções brônquicas de pacientes com ABPA. Adicionalmente foi também demonstrada a primeira evidência de que eosinófilos humanos são capazes de liberar EETs em resposta ao fungo in vitro. Os dados indicaram que o mecanismo de liberação de EETs em resposta a conídios do A. fumigatus ocorre independente da geração de espécies reativas de oxigênio (ROS) e envolve a participação da via Syk tirosina cinase e integrina CD11b β, mas não do receptor dectina-1. Essas EETs aparecem associadas aos conídios, a histonas citrulinadas (revelando a origem genômica do DNA) e a grânulos (ou agregados de grânulos) cristaloides eosinofílicos intactos. Entretanto essas EETs não demonstraram atividade fungicida/fungistática. A identificação dos mecanismos que regulam o processo de liberação de EETs em resposta ao A. fumigatus pode ser importante tanto para melhorar o conhecimento sobre a patogênese da ABPA quanto para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas no tratamento desta doença.

Topo